segunda-feira, 19 de maio de 2008

Seminário sobre vida marinha atrai centenas de pessoas em Santos

Por: Fama Assessoria / Fotos: Ecobservatório

O seminário “VIDA MARINHA – Desenvolvimento e Preservação dos Mares” reuniu mais de 400 pessoas no Salão Orquídea, do Parque Balneário Hotel, em Santos (SP), na ultima sexta-feira (16 de maio).



Estudantes e profissionais ligados às áreas de Oceanografia e Biologia estiveram em contato com cases de sucesso. A variedade de palestras e o ineditismo do seminário na região fizeram com que o público acompanhasse as apresentações até o fim.

Entre os palestrantes estava o artista plástico Wyland, que entregará o seu 98º Whaling Wall (mural) neste sábado, ao meio dia, no Aquário Municipal de Santos.


“Nossa responsabilidade, como meio de comunicação, é com o futuro. O seminário Vida Marinha e a vinda de Wyland a Santos têm a ver com o momento da cidade e sua vocação para o esporte, o turismo e a preservação”, afirmou o Diretor-Presidente da TV Tribuna, Roberto Clemente Santini.

A chefe regional do Ibama, Ingrid Oberg, falou sobre a importância de os moradores de regiões costeiras preservarem o ambiente marinho. “Nós, que vivemos à beira-mar, temos que ter a iniciativa sobre o que devemos fazer para ter um ambiente saudável. Precisamos discutir”.

Do prefeito de Santos, João Paulo Tavares Papa, veio a promessa de alterações gradativas no Aquário Municipal da Cidade, hoje o segundo parque mais visitado do Estado de São Paulo.


“As mudanças tornarão o Aquário não somente um local de lazer, como também de pesquisa científica. Santos é uma cidade portuária preocupada com a preservação marinha e com o aquecimento global”.

A primeira palestra do dia foi apresentada por Wyland, artista plástico norte-americano e Presidente da Wyland Foundation, instituição sem fins lucrativos com o objetivo de conscientizar sobre a preservação da vida oceânica.
“Temos dez anos para salvar o planeta, para (buscar) o renascimento ambiental. Essas pessoas (estudantes presentes no auditório) fazem parte da geração responsável por isso. Aprendam, estudem e dividam o seu conhecimento. Depois, ajam”.

Sobre o trabalho que encerrou nesta sexta-feira e será inaugurado no sábado no Aquário de Santos – o 98º mural que retrata animais da fauna marinha em locais públicos – Wyland disse que, quando as pessoas vêem uma beleza, elas passam a querer preservar. Essa é a motivação dele para a realização desse tipo de trabalho.


“Essa cidade (Santos) depende de um mar saudável. Me sinto orgulhoso de estar aqui. Esse Aquário é lindo e muito importante. Foi um aquário que me inspirou e ele continuará inspirando muita gente”.

Já Roberto Vámos, Diretor-Presidente da Surfrider Foundation Brasil, disse que “o mar é a mãe de toda a vida no planeta”. A Surfrider é uma organização internacional, criada por surfistas, mas “aberta á participação de todos” e possui quatro pilares de sustentação: conservação, ativismo, pesquisa e educação.
O palestrante falou da importância de se fazer pesquisas que dêem suporte à preservação. “Há novas tecnologias no tratamento de lixo e esgoto que não estamos usando até por falta de informação”.


Vámos destacou ainda o surgimento de zonas mortas (áreas sem oxigênio) em várias partes do oceano, devido à descarga de nutrientes (como, por exemplo, o esgoto) e a proliferação de algas nocivas e bactérias.

“Muitas praias não são freqüentadas porque as pessoas não conseguem respirar, devido às toxinas levadas pelo vento. É um problema de saúde. Deveríamos pensar na reutilização da água do esgoto ao invés de lançá-lo”.
Entre os dados alarmantes divulgados na palestra, está a de que existem cerca de 18.000 pedaços de plástico por m2 nos oceanos, de acordo com a ONU. Mais de 1 milhão de aves e 100.000 mamíferos marinhos morrem por ano ao ingerir plástico.

Pedaços microscópicos do material também atuam como um imã que atrai produtos tóxicos ou cancerígenos. O peixe, ao ingerir o plástico se contamina. No entanto, por vezes, quem está na ponta desta cadeia alimentar é o homem.
Para Marina Medina, jornalista e coordenadora do Núcleo de Jornalismo Ambiental de Santos, o seminário foi oportuno. “É importante o debate sobre o mar enquanto ecossistema. Vemos seminários sobre pesca e porto que tratam do mar somente enquanto recurso. Gostei das palestras de Wyland e da Surfrider porque eles disseram que se não conservarmos a terra não conservaremos o mar”.

Berenice Gallo, Coordenadora Regional da Fundação Pró-Tamar – base Ubatuba, afirmou que nem sempre o grande vilão dos oceanos é aquele momentâneo que causa um grande impacto. O problema para ela é crônico e depende da revisão dos hábitos diários de consumo dos seres humanos para melhorar.
Berenice contou a história do Projeto Tamar e da Fundação Pró-Tamar – ONG privada sem fins lucrativos, instituída como de utilidade pública federal.

Há 25 anos, o Tamar, com suas áreas de desova, protege fêmeas e ninhos de cinco espécies de tartarugas marinhas. “A tartaruga é um animal com um tempo longo de vida, mas que estava sumindo”.

O Pró-Tamar conta com a parceria de pescadores voluntários. Dessa forma, todas as tartarugas que são capturadas, por engano, são medicadas e cadastradas, como em um censo.

Outra ferramenta importante para a preservação das tartarugas é a troca do anzol, para um de formato circular. A captura do animal, segundo Berenice, é prejudicial não só para as espécies, como para os pescadores que não as tem como alvo.

Andrea Maranho, Diretora-Presidente da ONG Gremar, afirma que os animais são os “sentinelas do mar”, pois mostram como está a saúde dos oceanos. Os principais motivos para o encalhe das espécies são os fatores naturais (como ciclones), doenças e intoxicação. O Cremar já atendeu tartarugas e pingüins capturados incidentalmente. “Temos de pensar em áreas de restrição de pesca em nosso gerenciamento costeiro”.

O veterinário do Aquário de Santos, Gustavo Henrique Pereira Dutra, mostrou como é feito o tratamento de tartarugas no parque, além de fotos de animais com problemas de saúde e até de alguns que chegaram a falecer.

Ele destacou também os recursos disponíveis no equipamento público para atender os animais que encalham: exames bioquímicos, operações e necropsia. Radiografias são efetuadas em uma universidade da cidade, por meio de parceria.
“O seminário é bastante válido porque o ser humano precisa ter consciência de que sua atitude vai refletir no ambiente e em sua qualidade de vida. Por se tratar de minha área de atuação, a palestra do veterinário do Aquário, Gustavo, teve muita relevância para enriquecer meus conhecimentos”, disse a veterinária Thayana Evangelista.

O Diretor Industrial da Dow Guarujá, Climério Pinto, apresentou os cases Mangue Limpo e Embaixadores do Meio Ambiente. O primeiro é fruto de uma parceria com a Universidade Santa Cecília para que estudantes de Biologia conheçam o mangue – um ecossistema muito rico em diversidade biológica – e façam a catalogação de espécies encontradas.

Já os Embaixadores do Meio-Ambiente é uma parceria inédita na América Latina com a Ocean Futures Society, de Jean-Michel Cousteau, que visa educar crianças e jovens. O programa está presente em 14 países, e terá iniciada as atividades no Brasil em julho deste ano.

Durante uma semana, os estudantes de 5ª a 8ª série ficarão hospedados em bangalôs próximos à planta industrial da indústria química. Lá, farão o plantio e replantio de mudas nativas, terão contato com a comunidade que mora próximo ao mangue, além da observarem o ecossistema.

De acordo com a presidente do Ocean Futures Society no Brasil, Leda Bozacyan, trata-se de educação ambiental com atividades divertidas.
José Truda Palazzo Jr, Presidente do Projeto Baleia Franca, explicou todos os esforços para salvar a espécie que, em 1602, já sofria com a caça predatória. “É uma espécie dócil, fácil de matar, e na época da reprodução vem para perto da costa. Ela dava aos pescadores um bom rendimento de gordura”.

Somente em 1935, foi proibida a caça por meio de tratados internacionais. No entanto, a prática ocorria no Brasil até 1973. A espécie não foi mais encontrada no País até agosto de 1982, quando foi “redescoberta” em Santa Catarina.
Começou, então, o trabalho do Projeto Baleia Franca, que cataloga as baleias avistadas. A sede da instituição, em Santa Catarina, recebe a visita de estudantes, especialmente por conta de seu laboratório.

Outro atrativo é o turístico, já que muitos visitantes se informam sobre as baleias – sobre onde estão e quando vão parecer. Trata-se de um fomento também para o desenvolvimento do comércio e da hotelaria locais.
“Não temos uma política pública de fazer dinheiro com conservação. Mergulho traz dinheiro e educação ambiental atrai turistas”, disse Palazzo Jr.

Mabel Augustowski, Coordenadora do Projeto Baleia de Bryde, iniciado no Parque Estadual Marinho da Laje de Santos, em 2001, destacou as características dessa espécie, que costumava surgir com mais freqüência em épocas específicas.
“Hoje é mais difícil falar em estações do ano bem definidas. Esforços em observação são feitos fora da época de primavera e verão (quando apareciam mais), devido às mudanças climáticas e a outros eventos, como os terremotos”.
O biólogo e professor Diego Araújo de Freitas, ficou satisfeito com o evento. “Achei muito bom o encontro. As pessoas deixam de lado a discussão sobre o mar ao se importar mais com as florestas. Seria interessante que houvesse mais encontros como esse. O apoio das universidades é fundamental, pois se cria outro espaço para discussão e ampliação do conhecimento”.

O seminário “VIDA MARINHA – Desenvolvimento e Preservação dos Mares” é uma iniciativa da TV Tribuna, com apoio da revista Alma Surf, patrocínio do Grupo Rodrimar e Terracom, realização da Una Eventos. Já a vinda de Wyland à Cidade é uma iniciativa da Prefeitura Municipal de Santos, TV Tribuna e Revista Alma Surf, com patrocínio do Grupo Rodrimar.

Um comentário:

Núcleo de Jornalismo Ambiental disse...

aeee. Ficaram show as fotos, hein? Tu viu a que tá a Mah e as meninas com o Wyland, tá lá no blog do Núcleo.
Eco_bjs
Luz

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