Mantendo uma tradição histórica na luta pela preservação da Mata Atlântica, a Baixada Santista se levanta novamente contra a degradação do Bioma. Desta vez um “Mega Porto” quer vir abrir ferida no maior corredor de biodiversidade do Planeta.
Desde a década de 80 a reminiscência preservacionista e conservacionista move indivíduos pertencentes à região de Peruíbe e Itanhaém na luta pela preservação socioambiental. No passado, ações para deter a vinda de usinas nucleares para a região foram a bandeira que uniu ambientalistas, artistas e políticos da época na busca para frear a ameaça do modelo de desenvolvimento que não respeita os povos e comunidades tradicionais.
Nomes que hoje são referências no cenário ambiental ainda inspiram a juventude ambientalista na região. Entre esses ícones do movimento do passado está o professor Ernesto Zwarg, que de forma heróica empunhou a bandeira da Juréia Itatins se opondo à degradação que o empreendimento atômico traria para o lugar e com sua luta conseguiu fazer o debate sobre se havia de fato a necessidade de Usinas Nucleares no mais belo e preservado reduto de Mata Atlântica do Brasil, o litoral sul paulista.
Naquela época muito se fez, e pouco se sabia sobre a importância daquela região em comparação ao conhecimento que se tem hoje. A Mata Atlântica é o metro quadrado mais biodiverso da Terra e também um dos mais ameaçados, não perdendo para nenhum outro.
Desde anfíbios endêmicos a onças, que são os mamíferos do topo da cadeia alimentar, habitam as suas matas, tornando-a o segundo hotspot do Globo atrás apenas das Florestas Tropicais da Indonésia.
Nascentes de rios cortam os vales e abastecem as cidades de água potável. Sabe-se também que mais de 70% da população brasileira mora no entorno de áreas que possuem ou possuíam a Mata Atlântica, e que hoje devido aos ciclos econômicos pelos quais o País passou, da extração da madeira, cultivo de café, minérios a cana de açúcar, agropecuária entre outros, contribuíram para que restassem hoje apenas 7,26% (97.596 km²) do total existente na época da “invasão” do Brasil em 1500, e que cobriam 17 estados brasileiros com um total de 1,3 milhões km² de mata nativa.
Como nos anos anteriores ameaças sobre a área de floresta ainda insistem em surgir devido a interesses individuais que não respeitam as relações humanas e coletivas existentes na região.
Hoje após tantos ciclos, e atitudes degradantes, novamente o Bioma corre “risco de morte”.
Idealizado para ser o maior Porto da América do Sul, o projeto “virtual” Porto Brasil, chega atrasado na História da região com a proposta de alterar a vocação econômica do local se sobrepondo à relação de pertencimento das pessoas que ali habitam com o meio natural.
Pretendido ser instalado no último maciço de restinga do estado de São Paulo e que faz a ligação por um único corredor florestal, da área praial as escarpas da Serra do Mar, o projeto Porto Brasil se mostra como uma ameaça à preservação dos tão sofridos 7,26% que restam da área natural de floresta, além de vir sucumbir uma aldeia indígena que vive nas terras e tem suas tradições ligadas a ela.
O Movimento
Combatendo a contra-informação utilitarista oferecida por estruturas dominantes que contaminam o ideário comum das pessoas com falsas verdades sobre as questões que tocam a qualidade de vida, foi lançado o Movimento em Defesa da Sociobiodiversidade da Mata Atlântica (MDSMA), que terá como missão unir ações que visem o enfrentamento das atividades degradantes na sociobiodiversidade da floresta por todos os cantos do país.
A tônica do Movimento será fazer e trazer o debate junto à sociedade para propor alternativas para o fortalecimento socioeconômico das regiões com o objetivo de buscar construir conjuntamente e coletivamente responsabilidades pelo desenvolvimento em bases sustentáveis, visando à preservação do Bioma e o envolvimento regional para empoderar os atores locais na resolução dos seus desafios frente ao equilíbrio entre as ações humanas e o respeito com a natureza.
Capitaneiam o Movimento entidades ambientalistas paulistas e coletivos autônomos que trabalham a defesa do meio ambiente além de artistas populares.
Inicio da ação
No último final de semana (30/05) foi organizado e difundido o primeiro protesto do MDSMA contra o projeto do Porto Brasil, no Viva Mata 2008, evento realizado pela Fundação SOS Mata Atlântica.
De forma impactante a ação provocou a atenção das quase 75 mil pessoas que passaram pela marquise do Parque do Ibirapuera e puderam ver de forma simbólica um “cemitério” que traziam em suas cruzes o nome de plantas e animais que podem ser expulsos ou mesmo extintos se o empreendimento portuário da empresa LLX vier acontecer na Baixada Santista/SP na cidade de Peruíbe.
Para saber mais envie um e-mail para: sociobiodiversidades@gmail.com
Um comentário:
Grande Malavolta. Parabéns por mais essa iniciativa. E se tem vc como parceiro, a parada é séria e vai longe. Contamos contigo sábado no Convers.ações. Eco_bjs
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