Diversas personalidades do setor marcaram presença neste fórum para expor suas experiências e conhecimentos abordando importantes questões. O desenvolvimento e a adoção de energias renováveis podem gerar novos empregos, conduzindo a economia para a sustentabilidade. Esta é a convicção do fundador do Worldwatch Institute e do Earth Police Institute, Lester Brown, um dos destaques da programação. Em palestra, o especialista americano falou sobre os problemas ecológicos que afetam o planeta, a eficiência de energia e suas fontes alternativas. Brown calcou seu discurso em sua mais recente obra, Plano B 3.0: A Mobilização para Salvar o Mundo. Mas qual é o plano A? “São os negócios como sempre foram realizados. Isso não é viável”, disse, citando que 48% de toda a eletricidade mundial vêm da queima do carvão. “No plano B, 40% dessa energia será eólica”, explicou. Para ele, a humanidade está no estágio inicial de uma nova economia, na qual o petróleo e o carvão serão substituídos por fontes como o sol, os ventos e o calor do interior da Terra.
Outra estrela internacional da Eco Power Conference, o fundador e ex-presidente do Greenpeace, Patrick Moore, foi na direção contrária. “Energia eólica só é gerada quando o vento está soprando, e isso ocorre apenas durante um terço do tempo. Ou seja, não é uma fonte confiável como sistema primário nem de suporte”, declarou, ao abordar a procura de energias sustentáveis para o futuro. O atual presidente da consultoria Greenspirit atacou também o suposto excesso de preocupação com o aquecimento global. “Está provado que o gelo é inimigo da vida. Gelo só é bom para a vida quando derrete e vira água”, disse Moore, polêmico por apoiar a energia nuclear.
O assunto não passou despercebido pelo físico, ambientalista e escritor austríaco Fitjof Capra. “Energia nuclear é exatamente o oposto de energia renovável”, disse o autor do best-sellers como O Tao da Física e O Ponto de Mutação. “É poluente, exige grandes investimentos e é centralizada, sem falar no risco de terrorismo ou no seu aproveitamento bélico”, disse durante sua palestra na abertura do evento, realizada ontem. Na opinião de Capra, a nova economia está causando efeitos perigosos – “exclusão social, desigualdade, ruptura da democracia” – transformando a “diversidade em monocultura, a tecnologia em engenharia e a vida em commodity”.
Por mais antagônicas que sejam as posições, debater essas questões e formular propostas estão no escopo da Eco Power. “Nossos objetivos, atingidos já na primeira edição realizada no ano passado, continuam sendo disseminar conhecimento, trocar experiências e gerar negócios”, observou o presidente do evento, Ricardo Bornhausen. “Os ciclos econômicos vêm e vão, enquanto a crise ambiental é permanente”, diagnosticou. Além das polêmicas exposições já citadas, a Eco Power Conference 2008 destaca também a abordagem de alguns de seus principais painéis:
Energias Renováveis do Mar – Situação atual e perspectivasForam debatidos os avanços tecnológicos existentes no mundo com apoio dos Professores Jens Peter Kofoed - Aalborg Universitet da Dinamarca -; Segen Farid Estefen - Diretor de Tecnologia da COPPE – UFRJ -; e do Dr. Cláudio Bittencourt da DNV - DET NORSKE VERITAS, empresa norueguesa, sediada em Londres, com larga experiência na certificação de navios e estruturas atuam em ondas e mares. Os estudos para instalação de uma planta piloto de conversor de energia das ondas em energia elétrica com tecnologia brasileira já foram realizados pela COPPE/UFRJ. Já no inicio de 2009 serão iniciadas as atividades para instalação da 1ª Usina de Demonstração de Energia das Ondas no Brasil, com geração de 100 kW no Porto do Pecém no Ceará. Tal iniciativa, manterá o Brasil na vanguarda destes estudos que vem sendo realizados por um pequeno grupo de paises tais como USA, Escócia, Dinamarca e Espanha.
Energia Nuclear – oportunidades, riscos e desafiosEste painel contou com as presenças de Drausio Lima Atalla – Supervisor de Pesquisa e Desen. de Novos Projetos de Geração Núcleo Elétrica da Eletrobrás Termonuclear -; e Johannes Höbart – Diretor-Presidente da AREVA NP Brasil. Foram defendidas questões como a viabilidade econômica competitiva de uma usina nuclear, a seleção de sítios para construção tem que ser estratégico e o público local precisa participar já nas primeiras decisões, além dos aspectos sociais que também precisam ser considerados. Neste momento, foi levantando também a segurança – que é essencial – com a reciclagem dos resíduos nucleares.
Construções sustentáveis e seus impactos sócio-ambientaisEste tema foi tratado por Bruno Stagno – Diretor-Presidente da Bruno Stagno Arquitecto y Asoc./ Instituto de Arquitetura Tropical – San José - Costa Rica – e Fernando Almeida – Presidente Executivo do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável. Dentro do atual contexto de grandes mudanças no setor ambiental, econômico e social, o assunto sobre construções sustentáveis é de grande importância para uma mudança deste cenário. A necessidade de aumentar a produção de energia, para atender a demanda futura, exigirá edificações mais eficientes por parte do setor da indústria da construção. O emprego da arquitetura bioclimática deve ser trabalhado com a visão da sustentabilidade, considerando também o estudo de estratégias climáticas locais para obter conforto e diminuir o impacto de custos e danos ambientais. Com os problemas de altas emissões de CO² e dos altos custos nas construções de estradas, o automóvel se tornou um grande transtorno para as cidades. Assim, a grande saída é o investimento na qualidade e no aumento da malha do transporte coletivo. Luis J. Grossman – debatedor deste painel e Diretor geral do Centro Histórico da cidade de Buenos Aires alerta: “necessitamos mais de ecoarquitetos e menos egoarquitetos.”
Mudança do Clima – novos compromissos, metas e prazosO relatório do IPCC – 2007 destaca que o aquecimento global é conseqüência das emissões de gases do efeito estufa proveniente das atividades humanas e que os países mais pobres serão os mais afetados. Essa situação requer a revisão dos padrões atuais de produção e consumo, bem como do direcionamento de políticas públicas que priorize a redução das emissões desses gases. É importante também que os critérios estabelecidos para limitar a emissão de CO² pelos países e os cálculos dessas emissões sejam reavaliados no sentido de evitar a migração de processos de produção eletro-intensivos da cadeia produtiva para os países em desenvolvimento. A criação do Grupo dos 10 – G10 (países que mais emitem gás do efeito estufa) configura-se como uma opção para o desenvolvimento de políticas e ações comuns no para a redução das emissões e promoção do desenvolvimento social. Essas considerações foram realizadas pelos seguintes integrantes desta painel: Israel Klabin – Presidente da Fundação Brasileira para o Desenvolvimento Sustentável –; e Roberto Schaeffer – Professor Associado do Programa de Planejamento Energético da Coordenação dos Programas de Pós-graduação em Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro
Biomassa: exploração inteligente e sustentável na matriz energéticaA biomassa terá a sua participação na matriz energética mundial consideravelmente aumentada entre 2005 e 2050. Isto contempla não só o tradicional uso para aquecimento, como também a geração de energia, valendo-se de diversas tecnologias e múltiplas fontes. No caso da América Latina, o cenário avaliado projeta um salto de 4 GW em 2005 para 75 GW em 2050, uma evolução de 2,9% a 10,8% de participação na matriz energética de renováveis. No Brasil, a indústria da cana-de-açúcar é um exemplo típico de como o resíduo do bagaço pode ser aproveitado para a geração de energia elétrica. Outras fontes de biomassas merecem destaque como o uso de dejetos suínos que poluem águas superficiais e subterrâneas gerando verdadeiros passivos ambientais. Tratados de forma correta, tais dejetos podem produzir energia para ser utilizado nas pequenas propriedades agrícolas. No entanto, faltam tecnologias para desenvolver esta área e o envolvimento das Universidades passa a ser fundamental para gerar conhecimento e tecnologia. Estiveram presentes nesse painel Cícero Jayme Bley Junior - Superintendente da Coordenadoria de Energias Renováveis da ITAIPU Binacional; Ademar H. Ushima – Pesquisador do Centro de Tecnologias Ambientais e Energéticas do Laboratório de Energia Térmica, Motores, Combustíveis e Emissões -; Claudio Loreiro – Diretor de Desenvolvimento Comercial da General Eletric.
A idealização de cidades sustentáveis num planeta urbanoA crescente urbanização do mundo, associada a questões globais de alteração climática, escassez de água, degradação do ambiente, reestruturação econômica e exclusão social, exige uma observação diferente no futuro das cidades. Em 2005, a população mundial superou os 6 bilhões de habitantes, sendo que mais de 50% estão hoje nas cidades e grande parte deles em países em desenvolvimento. Cerca de 1 bilhão de pessoas estão vivendo abaixo da linha de pobreza. O desafio está em fazer com que essa população tenha acesso aos serviços básicos e condições dignas de moradia, trabalho e comida. Durante a Eco Power Conference 2008, sugestões para alcançar esses parâmetros foram debatidos por Luiz Paulo Vellozo Lucas – Deputado Federal, PSDB-ES, Ex-prefeito de Vitória/ES e Autor do livro “Qualicidades – Poder Local e Qualidade na Administração Pública” -; e Cassio Taniguchi - Deputado Federal Licenciado pelo DEM/PR e Secretário de Estado de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente do Distrito Federal. Entre outras, foram realizadas as seguintes considerações: O crescimento das cidades precisa ser trabalhado de forma saudável; A sustentabilidade ocorre quando existem equilíbrios sociais, ambientais e econômicos; É fundamental que se reduza a produção de lixo da sociedade; Mobilidade urbana é fundamental para a vida sustentável das cidades; Buscar a eliminação de guetos de diferentes classes sociais;
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