sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Alan Dubner: As Pegadas da Marina Silva

Por: Deborah Dubner / www.itu.com.br

"Acredito que podemos agregarmos todas as tribos e juntos co-construirmos um Brasil de muitos"
Tenho certeza que a Mídia Social vai definir as eleições de 2010. Essa frase é parecida com uma afirmação que fiz, em julho de 2008, onde eu usava a palavra “Internet” no lugar de “Mídia Social”. Apesar da opinião dos nossos principais especialistas em política, que estavam no evento “Efeito Obama” em meados de outubro, eu acredito que teremos no Brasil um impacto parecido com o das eleições americanas de 2008. Os analistas políticos colocam muitos “porém”, “por causa disso ou daquilo”, mas na verdade não sabem do que estão falando porque ninguém sabe. Se você conseguir ir até o final desse texto terá uma boa ideia do porque dessa minha certeza.

Eleitorado Adormecido

Vamos começar pelo final, daqui a 11 meses, no dia 4 de outubro de 2010. Os eleitores Brasileiros vão escolher, através de suas próprias consciências, o que fazer. Primeiro devem avaliar se vão votar ou justificar, depois definir se há um candidato de sua preferência (mesmo os que não votarão). Essa simples equação terá passado por um complexo sistema de decisão até chegar na ação de votar.
Agora vamos voltar para trás e perceber claramente porque a mídia social vai alterar a balança em seu favor. Na última eleição presidencial o Lula obteve 46.662.365 votos no primeiro turno enquanto o Alckmin 39.968.369. Percebam que a diferença entre eles foi de 6.693.996 votos. As pessoas que resolveram anular o voto somaram 5.957.207 votos, apenas 736.789 a menos que a diferença. Outros 2.866.205 votaram em branco. O que realmente surpreende são os eleitores que optaram por não ir às urnas, 21.092.511.
No segundo turno não foi muito diferente: 23.914.714 de eleitores não compareceram às urnas, 4.808.553 anularam seu voto e 1.351.448 votaram em branco. Nas eleições anteriores (2002) também não foi diferente. Tivemos, no primeiro turno, 20.449.690 de eleitores que resolveram não votar enquanto o Serra recebeu apenas 19.705.061 de votos, além dos 6.976.107 votos nulos e 3.873.720 brancos. No segundo turno não compareceram às urnas 23.589.188 de eleitores enquanto 3.772.138 anularam e 1.727.760 votaram em branco.
Em 1998 foram 22.802.823 abstenções enquanto o Lula recebeu apenas 21.475.211 votos. As abstenções mais os nulos (8.887.091) e os brancos (6.688.371) somaram 38.378.285 enquanto Fernando Henrique Cardoso venceu a eleição, no primeiro turno com 35.936.382 votos.
Em 1994 as abstenções, nulos e brancos somaram 31.409.533. Enquanto Lula recebia 17.126.291 votos, FHC venceu com 34.377.198 votos. Ou seja, há um gigantesco espaço de insatisfação com o atual modelo político que leva um grande contingente de pessoas a anular o voto, deixar em branco e principalmente nem comparecer para votar.
Se as pessoas realmente se motivarem a ir às urnas, se aqueles que protestam anulando seu voto encontrarem alguém merecedor, se os indiferentes perceberem a diferença e os jovens de 16 e 17 anos aderirem ao movimento... Ficou clara a diferença que pode fazer a mídia social através de um movimento colaborativo com um candidato que possa ser um símbolo dessa nova política?

Primeira Pegada

Em junho desse ano, atravessando a Serra da Bocaina com um grupo de amigos ambientalistas, eu tive 4 dias para explicar o que era Mídia Social e porque teria uma importância tão grande nas eleições de 2010. Normalmente, tenho apenas 1 hora numa palestra ou mais algumas em reuniões e conversas, mas ali estávamos em outro ambiente, em outro tempo. Entre as minhas questões para o Brasil estava o fato de que, tristemente, os candidatos conhecidos não tinham o perfil para ativar a Mídia Social. Lamentei também que, aparentemente, não estavam vendo o poder dessa ferramenta de cidadania e estavam sendo orientados por profissionais que não sabem o quanto não sabem. Falei que não me surpreenderia se aparecesse alguém totalmente novo que já vinha se preparando desde o início do ano e não aparecia no radar. Aquele diálogo fez com que um deles entendesse claramente do que se tratava e disse que existia um candidato com esse exato perfil: a Marina Silva.
Importante registrar que isso aconteceu no dia Mundial do Meio Ambiente (5 de junho) a 1.600 metros de altitude no Pico do Gavião do Parque da Serra da Bocaina.
Demorei a entender porque a Marina Silva poderia ser “a” candidata. Já tinha recebido alguns e-mails de pessoas fazendo algum tipo de campanha com o nome dela. O maior problema era ela ser do PT, que além de representar justamente o que precisa ser mudado, tinha muitos pontos impossíveis de contornar para contarmos com a Mídia Social. Quanto mais eu entendia quem era a Marina, mais claro ficava que ela era “a” pessoa para representar esse movimento. Só o que ela já produziu de ações de sustentabilidade para o cenário dos candidatos e do país já lhe permite receber créditos pelas suas pegadas ecológicas.
Hoje acredito que temos uma ótima possibilidade de agregarmos todas as tribos e juntos co-construirmos um Brasil de muitos “Brasis”, cuidado por todos nós. Essa eleição extrapola as fronteiras nacionais. Ela é importante para todo o planeta. Que a miopia, temporária, dos especialistas políticos não nos desanime de “entrar nessa” agora mesmo!

Alan Dubner é diretor da Cybermind Comunicação Interativa, especializado em Marketing Digital, Pesquisa Digital e Internet.

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